Dois brasileiros que dão aulas em escolas públicas estão no grupo de 50 dos melhores professores do mundo.
Os dois professores brasileiros |
As primeiras aulas da professora Débora começam fora da escola,
recolhendo lixo. A professora ensina tecnologia em uma escola da Zona
Sul de São Paulo. Com os alunos, já retirou uma tonelada de resíduos das
ruas do bairro.
O trabalho continua dentro da sala de aula, no laboratório da
professora Débora, que funciona como uma espécie de usina de reciclagem.
Afinal, a sucata vira matéria-prima valiosa. Tem helicóptero com motor
de impressora, ar-condicionado com gelo, bateria e ventoinha.
Nas aulas de robótica, é preciso saber matemática, ciências, inglês. “A
robótica trabalha todas as matérias em uma só”, explica Karen Marcella
Braga.
A integração do saber ligou também a professora Débora, de São Paulo,
ao professor Jayse, de Itambé, na zona da mata de Pernambuco. Eles fazem
parte de uma rede de professores brasileiros que usam a internet para
trocar experiências.
Débora e Jayse conversam há três anos em busca de um ensino mais
atraente, criativo e conectado à realidade. “O mundo lá fora vai querer
um aluno crítico. Eu quero um aluno que questione, que procure saber o
porquê daquilo”, diz Jayse Ferreira, que é professor de educação
artística.
Jayse começou a inovar ao perceber que a maioria dos alunos faltava
muito na escola e não se envolvia nas aulas de educação artística. Em
contato com games e filmes que fazem sucesso entre os adolescentes, os
alunos começaram a adaptar roteiros, gravar e montar histórias com
direito a efeitos especiais e até indicação de faixa etária.
“Ele está mais participativo, frequenta mais, tira boas notas, ele tem
oportunidade de mostrar o que sabe fazer e isso faz toda a diferença. A
gente só aprende se estiver empolgado”, afirma Jayse.
Jayse e Débora são finalistas em um prêmio que vai escolher o melhor
professor do mundo. O vencedor vai ganhar um US$ 1 milhão.
O que Jayse faria com tanto dinheiro? “Com certeza, investiria em
educação para que eles tivessem lazer, música, dança. A cultura na nossa
cidade está morrendo porque a gente não tem onde vivencia-la”,
responde.
E quais são os planos da Débora? “Eu gostaria de aplicar isso um
pouquinho em cada canto do país, fazendo laboratórios para que outros
alunos também possam vivenciar essa aprendizagem criativa que meus
alunos hoje vivenciam”, diz.
Mas os dois professores já têm os seus troféus. “Eu tenho alunos que
fazem jornalismo porque vivenciaram nas minhas aulas práticas de
filmagem, de edição. Quando vejo que eles estão sonhando mais alto,
alcançando novas profissões, eu me orgulho, porque sei que, de alguma
forma, eu contribuí para isso”, afirmou Jayse.
“Eles achavam que eles não eram capazes e hoje, quando eu vejo todos os
protótipos que eles realizam, eu me orgulho porque eles são capazes. Eu
vejo meus alunos querendo ser engenheiros, querendo ser biólogos,
porque despertou essa aprendizagem para eles, eles entenderam que eles
têm um lugar no mundo hoje”, afirma Débora.
O Prêmio Global Teacher vai ser entregue em março, em Dubai. Os 50
finalistas foram selecionados entre dez mil candidatos de 179 países.
Por Jornal Nacional
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