quarta-feira, fevereiro 14, 2018

Beija-Flor é a campeã do Carnaval do Rio ao levar crítica social à avenida


 A Beija-Flor conquistou nesta quarta-feira (14/02) seu 14º título no Grupo Especial do Carnaval do Rio de Janeiro. Apesar de um desfile que pecou na parte técnica, como ponderou o crítico do UOL Anderson Baltar, a escola de Nilópolis conquistou público e jurados pela emoção.
 “Quem ganhou esse Carnaval, foi a minha comunidade, a nossa bravura. Ninguém sabe o que rolou durante o ano inteiro”, declarou Laila bastante emocionado com o resultado.
  O desabafo do diretor de Carnaval da Beija-Flor que veio logo ao final da apuração pode ser um adeus, já que a reportagem do UOL apurou que ele está deixando a escola de Nilópolis após desentendimentos com o presidente de honra, Anízio Abrahão.
 A azul e branco levou para a Sapucaí uma pesada crítica social com o enredo “Monstro é aquele que não sabe amar. Os filhos abandonados da pátria que os pariu” misturando a história da obra "Frankenstein", de Mary Shelley, com a realidade do nosso país.
 Edson Celulari veio no carro abre-alas representando Dr. Victor Frankenstein, criador do monstro da ficção. Ratos apareceram já no segundo carro, ao lado de uma favela, precedido por alas com os animais e com barris de petróleo também representando corrupção.
 Componentes também vieram encenando uma cena protagonizada pelo ex-governador do Rio Sérgio Cabral em um jantar luxuoso em Paris. Sua mulher, Adriana Ancelmo, também foi representada por uma integrante usando uma tornozeleira eletrônica.
 O abandono da população, vítima de balas perdidas, da violência e relegados a buscar alimentos no lixo, foi o tema do terceiro carro, com cenas bastante dramáticas.
 Com a cantora drag queen Pabllo Vittar como destaque do penúltimo carro, uma representação do Maracanã com uma escultura de Frankenstein, a escola também abordou a intolerância e o preconceito contra as pessoas LGBT.
 O preconceito com os nordestinos e as brigas de torcida também foram lembradas. A funkeira Jojo Todynho veio na parte de trás, em uma alegoria contra o racismo e a xenofobia.
 Desfile histórico
 Antes do início da apuração, Neguinho da Beija-Flor comparou o desfile deste ano ao que a escola fez em 1989, considerado um dos melhores desfiles de todos os tempos, mas que não conquistou o título.
 "Me lembra muito o desfile 'Ratos e Urubus' Mesmo que a Beija-Flor não saia com o primeiro lugar hoje, esse desfile já marcou a história", ponderou o intérprete. A escola campeã terminou a apuração gabaritando no quesito samba-enredo, comandado por Neguinho. Evolução e harmonia também levaram notas 10 de todo o júri.
 No ano passado, em um Carnaval marcado por tragédias e problemas, o título ficou dividido entre a Portela e Mocidade Independente de Padre Miguel.
 Já neste ano, os desfiles ficaram marcados pelo forte apelo político. Além da Beija-Flor, coroada com sua pesada crítica social, a vice-campeã Paraíso do Tuiuti e a quinta colocada Mangueira fizeram desfiles bastante críticos aos governos federal, estadual e municipal.

Com Bol

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