Que o mosquito Aedes Aegypti vem causando temor na população, isso
não é nenhuma novidade. Mas nas cidades do interior o problema pode
ainda ser mais grave do que parece. Falta de estrutura, de pessoal e
pouca conscientização da população são apenas alguns dos problemas
enfrentados por estes municípios. É o que acontece, por exemplo, na
cidade de Arara, localizada no Curimataú paraibano e que fica a 172 km de
distância de João Pessoa. O município vem enfrentando um surto de
dengue, zika e chikungunya nos últimos meses, como afirma o diretor do
Hospital Municipal de Arara, Francisco Manoel da Silva, mais conhecido
como Nino.
De acordo com o diretor, de janeiro para cá, o hospital já atendeu
uma média de três mil pacientes com suspeitas de dengue, zika ou
chikungunya. Segundo ele, o número é bem maior do que o registrado nos
últimos anos, quando a média era de 100 a 200 casos anuais. O surto
causou, além de outros problemas, uma superlotação no hospital.
“Há uma superlotação. No hospital só temos 15, 16 leitos. Eu
praticamente morei no hospital para ajudar a dar suporte. Muitas vezes o
paciente precisou sentar nas cadeiras e ser atendido ali mesmo, porque
temos poucos leitos. Para se ter uma ideia, só em fevereiro, a gente
realizou 572 observações, fora os internados”, afirmou.
Falta equipamento e profissionais
E o surto não atingiu só a população em geral. Pelo menos a metade
dos funcionários do Hospital Municipal de Arara também foi atingida por
alguma doença transmitida pelo Aedes. O que, segundo Francisco,
contribuiu para atrapalhar no tratamento da população. Ainda segundo
ele, a quantidade de equipamentos e pessoas no hospital nunca foi
suficiente para conseguir lutar contra o mosquito. Segundo ele, era
comum faltar remédios e até soro para os pacientes. Quando perguntado se
o hospital não teria se preparado para o surto, Francisco foi enfático e
disse: “nem o próprio Ministério da Saúde estava preparado”.
Possível causa para o surto
Como já é sabido, o mosquito Aedes aegypti se reproduz em água
parada. E por incrível que pareça, a falta de água nas torneiras pode
ter sido o principal motivo para o surto destas doenças transmitidas por
este mosquito. Porque, de acordo com Francisco, por conta da água não
chegar às torneiras das casas, é comum ter nos lares de Arara tonéis com
águas e cisternas, para suprir as necessidades dos moradores da casa. E
é aí que mora o problema. Por esquecimento ou até desconhecimento,
algumas pessoas deixam esses reservatórios abertos e propiciam o
desenvolvimento das larvas do mosquito.
Outro fato que pode ter colaborado para o surto, segundo Francisco, é
a pouca divulgação por parte das autoridades competentes. De acordo com
ele, não há, na cidade, uma forma eficiente de conscientização da
população. Ele reclama que o Ministério da Saúde não orientou a
população da maneira mais eficiente.
Tentativas para diminuir o surto
De acordo com Francisco, após um grande surto, que ocorreu
principalmente no mês de fevereiro, os números vão se normalizando mais a
partir de agora. Segundo ele, o passo principal para isto foi a união
de forças entre a população, as autoridades competentes e até mesmo
outras forças, como a Igreja Católica, por exemplo.
Ele afirma que atualmente são atendidas em média de 70 a 90 pessoas
por dia, número que já chegou a passar de 170 durante o período mais
preocupante. E além da união de forças, alguns moradores de Arara estão
tomando iniciativas no mínimo curiosas para tentar acabar com as larvas
do Aedes Aegypti. Uma delas é colocar piabas (uma espécie de peixe)
dentro das cisternas, para que estes peixes possam comer as larvas.
Segundo ele, a atitude pode vir a trazer bons frutos no futuro.
Com PortalCorreio
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