A interceptação telefônica, feita pela Polícia Federal, que gravou a
conversa entre a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva foi realizada duas horas após o juiz Sérgio Moro,
da 13ª Vara Federal de Curitiba, ter determinado a suspensão das
interceptações telefônicas sobre Lula.
A decisão de Moro que determina o fim das interceptações ao ex-presidente foi juntada ao processo judicial às 11h12
desta quarta-feira (16). O juiz determina que a Polícia Federal seja
comunicada da decisão "com urgência, inclusive por telefone", diz o
texto do despacho.
Às 11h44, em outro despacho,
a diretora de Secretaria Flavia Cecília Maceno Blanco escreve que
informou o delegado sobre a interrupção. "Certifico que intimei por
telefone o Delegado de Polícia Federal, Dr. Luciano Flores de Lima, a
respeito da decisão proferida no evento 112", diz o documento.
O
evento 112 refere à decisão de interromper as interceptações
telefônicas do ex-presidente. Neste despacho, Moro afirma que não há
mais necessidade das interceptações, pois as ações de busca e apreensão
da 24ª fase da Lava Jato já foram realizadas.
A Polícia Federal
publicou uma nota sobre o assunto no seu twitter, dizendo que foram
interceptadas ligações após a notificação à companhia telefônica e que o
relatório foi enviado ao juiz Moro.
"Tendo sido deflagradas
diligências ostensivas de busca e apreensão no processo
5006617-29.2016.4.04.7000, não vislumbro mais razão para a continuidade
da interceptação", diz o despacho, assinado pelo juiz.
A conversa entre Lula e Dilma foi gravada pela Polícia Federal às 13h32, segundo consta em relatório encaminhado ao juiz.
No diálogo, Dilma informa a Lula que está enviando a ele o "termo de posse" para que ele utilize o documento "em caso de necessidade".
Luciano Flores de Lima, o delegado que foi avisado pela manhã por Moro
do fim do grampo, é o que manda juntar nos autos o áudio feito às 13h32.
Também é o mesmo que interrogou Lula no dia 4 de março.
A
interpretação da força-tarefa da Lava Jato é de que Lula foi nomeado
ministro como forma de escapar de um suposto pedido de prisão feito pelo
juiz Sérgio Moro. Como ministro, Lula só poderia ser preso por ordem do
STF (Supremo Tribunal Federal).
Por meio da assessoria de
imprensa da Justiça Federal do Paraná, Moro informou que só se manifesta
apenas nos autos do processo. No despacho que tornou públicas as
conversas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o juiz Sergio Moro
afirmou que o "interesse público" impôs o fim da continuidade do sigilo
sobre os grampos.
Com Uol
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