Eleito em 2012 com 273 votos, Geraldo Costa da Silva (PP), 53 anos,
mais conhecido como ‘Mãe Shirley’, se tornou a primeira travesti eleita
vereadora na história na Paraíba, pela cidade de Pilar, a 52 km de João
Pessoa. Quase três anos depois, ‘Mãe Shirley’ surpreende e é eleita
presidente da Câmara dos Vereadores local, quase por unanimidade. A
eleição ocorreu no dia 1º de janeiro deste ano. Uma casa legislativa ser
presidida por uma travesti deve ser o primeiro caso no estado e no
Brasil.
Shirley assumirá o biênio 2015/2016 à Câmara de Pilar |
Durante entrevista,
a travesti explicou que houve um acordo entre os partidos PT e PP, que
integram a base aliada do governo municipal. “Houve um consenso entre os
partidos e meu nome foi colocado como favorito. Tive seis votos, contra
uma abstenção, e dois contra”, resumiu.
Shirley tem uma
história de superação e solidariedade na cidade. Integrante do candomblé
há 39 anos, ela trabalha desde a adolescência e tem muitos serviços
prestados nas comunidades carentes de Pilar. Técnica de enfermagem por
formação contribuiu para o bom atendido no único hospital de cidade, o
que lhe rendeu o slogan na campanha eleitoral de “Saúde em primeiro
lugar”.
Sobre os novos projetos, a travesti disse que vai
continuar a defender a bandeira de combate a homofobia, melhoria nos
serviços públicos em prol da população. “Vou fazer uma gestão
democrática. Vamos fazer nosso papel de fiscalizar o dinheiro público e
lutar e votar projetos que beneficiem a população. O combate a homofobia
e a inclusão do ensino religioso nas escolas municipais serão alguns
dos nossos projetos futuros”, adiantou ‘Mãe Shirley’.
Apesar
dos poucos votos recebidos, a impressão de quem acompanha Shirley pelas
ruas é a de que toda a cidade votou nela. Discreta, ela sempre chamou a
atenção por andar pelas ruas usando roupas brancas e acessórios
femininos. “ Todo mundo me conhece aqui em Pilar. Crianças, adultos e
idosos quando passo acenam e falam: “Oi, mãe Shirley”, comentou.
Sorridente,
Shirley disse que muitos têm dúvidas sobre como se referir ao falar com
ela: travesti, gay, homossexual, ele ou ela. “Não escolho etiquetas.
Todo mundo sabe da minha orientação sexual e religiosa e não escondo de
ninguém. Sou super bem resolvida, quanto a isso. Sou conhecida como ‘Mãe
Shirley’ devido a minha posição no candomblé”, avisou.
Com Hyldo Pereira
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