domingo, outubro 28, 2012

'Eu sou livre para apoiar quem eu quiser', diz Irmã Socorro de Sales

   Perto de completar 50 anos de vida religiosa, precisamente em fevereiro do próximo ano, Maria do Perpétuo Socorro de Sales, conhecida como irmã Socorro, concedeu uma entrevista ao Blog neste fim de semana, no próprio prédio do Bom Samaritano, em Pirpirituba (PB), no Brejo paraibano. Ela falou de projetos que pretende ainda realizar, do trabalho social que desenvolve na comunidade, de sua vocação e de política. Uma conversa bastante descontraída que durou cerca de 30 minutos.
Irmã Socorro
  Irmã Socorro iniciou a entrevista esclarecendo à população de Pirpirituba que o programa de distribuição de alimentos, que é realizada em parceria com a Conab, no próprio prédio do Bom Samaritano, nunca  deixou de existir  como circulou na cidade. ‘Alguém nos quis prejudicar com essa informação mentirosa. Apenas houve uma pausa. As pessoas não sabem que os produtos adquiridos pela Conab e distribuídos aqui são vindos de assentamentos como Espírito Santos, Sapé, Jacaraú, Bananeiras e Salgados de São Félix. Se não houver produtividade nesses locais, não tem como haver a distribuição, porque os alimentos vêm de lá,  já que as chuvas este ano foram muita escassa, esclareceu ela.  
  Com o programa, cerca de 700 famílias vêm sendo beneficiadas, com macaxeira, batata doce, inhame, feijão, doce, bolo, mel entre outros produtos. O trabalho é realizado com a ajuda de 15 voluntários. Conforme a irmã, muitas daquelas pessoas que aqui recebem os alimentos agradecem em poder levar pra casa aquilo que às vezes não tinham condições de comprá-los. Essa ajuda é muito importante. Anos atrás, fiquei sabendo que uma pessoa ligada à prefeitura de Pirpirituba, não vou dizer quem, tentou tirar o programa de mim, mas não conseguiu porque eles sabem que nos fazemos um trabalho sério e com responsabilidade, ressaltou. 
  Durante a entrevista, a freira confidenciou que um dos seus sonhos é criar uma farmácia popular no município, onde poderia disponibilizar remédios tanto alopata como homeopata. Com isso, facilitaria aqueles sem condições  a comprar medição por um preço irrisório em relação ao vendido no mercado. Outro sonho é abrir um restaurante, mas não popular, que funcionasse de terça à sexta para alimentar aqueles que não têm o comer em suas casas. Caso Hugo tivesse sido eleito, ele ia me apoiar na realização desses sonhos. ‘Eu sou livre para apoiar quem eu quiser. Luto de acordo com os meus ideais. Achei o que seria melhor para o povo. Se não quis, então eu respeito’, disse.  
  Nessa política, segundo a irmã, teve candidatos que se utilizaram de todos os malefícios para ganhar a todo custo às eleições. Propostas de governo não tinham, mas o dinheiro influenciou na tomada de decisão daqueles que se vendem por alguns trocados. Sabendo eles, que têm força para realizarem a mudança. Se os administradores em quatro anos não fizeram nada, pra quer deixar mais quatro anos no poder. ‘No Brasil não se conquista eleitor e sim, se compra voto. Não se ganha eleição, mas sim, se compra’. O povo é tratado como objeto de compra e são sempre enganados com promessas', ressaltou.  
  Se o gestor municipal tiver compromisso com a população, ele tem como realizar muita coisa no município. A religiosa disse que ela  e a Irmã  Tereza com ajuda de algumas voluntários, apenas com a boa vontade, chegaram a construir cerca de 30 casas. Os  materiais eram todos doados. Tanto as reformas como as construções eram realizadas em mutirão. ‘A minha pretensão era construir na cidade pelo menos 400 moradias, se tivesse ajuda, para contemplar centenas de famílias que necessitam de moradia’. Para a Irmã, o investimento de R$ 350 mil do governo federal para a construção de 50 casas no município, deixou-a muita animada. Com as casas, muitas famílias iam ser beneficiadas e isso serem contempladas com moradia digna. Mas por outro lado, a realidade foi outra. Aquelas que necessitavam não foram contempladas. E outros que não precisavam foram beneficiadas. Isso me deixou triste, concluiu. 
  Historia de vida
  Nascida em Recife, no estado de Pernambuco, a freira vem de uma família pobre, mas muito religiosa. Os pais eram militar e professora. Ela é a primeira filha das mulheres do terceiro casamento. O pai dela se casou três vezes, após as mortes de suas esposas. Desses relacionamentos, teve dez filhos. Dos quais, apenas estão vivos todos do último casamento. Hoje, os pais dela são falecidos. 
  Aos 19 anos de idade, ela já tinha tomada a decisão de seguir a vida religiosa. Nesta data, Maria do Perpétuo Socorro  resolveu entrar no convento da Congregação Filhas do Amor Divino, em Natal (RN). “Eu vi a pobreza de perto e nunca esqueci e sempre quis trabalhar para ajudar aqueles mais necessitados”, afirmou. A religiosa confidenciou que um dos seus irmãos também seguiu a vida religiosa. Hoje, João Batista é monge e dirigi um mosteiro, em Alagoas.  
  Na cidade de Natal, ela se formou pedagoga e se especializou em psicologia. Lá também realizou diversos cursos, a exemplo de matemática, bíblicos, terapia entre outros. A religiosa passou quase 7 anos por lá. Depois, seguiu para Caicó (RN). Logo em seguida, passou pelas cidades de Palmeiras dos Índios (Alagoas), Patos (PB), São Gonçalo do Amarantes (RN), Arara (PB), Belém (PB) e Tacima (PB). Nelas, permaneceu entorno de 5 a 9 anos. Até chegar ao município de Pirpirituba (PB). Aqui, a irmã já está há 20 anos desenvolvendo um trabalho social com a população.
 Ela também já lecionou na faculdade de Patos (PB) a cadeira de psicologia. No Campus III, da UEPB, em Guarabira, ensinou teologia.  No município de  Batalha, em Alagoas,  a religiosa foi Secretária de Educação. No Bom Samaritano, ela  desenvolve um trabalho belíssimo com o tratamento de terapia,  a exemplo da hidroterapia, argiloterapia entre outras, onde recebe pessoas vindas do Ceará, Patos, Campina Grande e de vários lugares do interior da Paraíba. 

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