O Ministério Público do Estado de São Paulo pediu a prisão preventiva
do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de outras seis pessoas. Os
promotores Cássio Conserino, José Carlos Blat e Fernando Henrique
Moraes de Araújo apresentaram ontem (9) denúncia contra Lula alegando
que o ex-presidente cometeu crimes de lavagem de dinheiro – na
modalidade ocultação de patrimônio – e falsidade ideológica sobre o
apartamento triplex, em Guarujá (SP). Os promotores detalharam hoje (10/02)
a denúncia.
Os promotores pedem a prisão preventiva também de:
José Adelmário Pinheiro, Leó Pinheiro, ex-presidente da construtora
OAS; Fábio Hori Yonamine e Roberto Moreira Ferreira, executivos da OAS;
ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, preso na Operação Lava Jato; Ana
Maria Érnica, ex-diretora da Bancoop; e Vagner de Castro, ex-presidente
da Bancoop. A Justiça ainda deve decidir se aceita o pedido e a denúncia
apresentada ontem. Não há data para essa avaliação.
Na
denúncia, Cássio Conserino, José Carlos Blat e Fernando Henrique Moraes
de Araújo afirmam que existem “exaustivos argumentos” contra os
acusados. No pedido encaminhado à 5ª Vara Criminal de São Paulo, os
promotores ressaltam que a prisão preventiva poderá ser decretada “quando houver prova da existência de crime e indício suficiente de autoria”. "A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria", diz o documento.
"O denunciado Luiz Inácio Lula da Silva atentou contra a ordem pública ao desrespeitar as instituições que compõem o Sistema de Justiça, especialmente a partir do momento em que as investigações do Ministério Público do Estado de São Paulo e da Operação Lava Jato se voltaram contra ele. Do alto de sua condição de ex-autoridade máxima do país, o denunciado Luiz Inácio Lula da Silva jamais poderia inflamar a população a se voltar contra investigações criminais a cargo do Ministério Público, da polícia, tampouco contra decisões do Poder Judiciário", diz o documento.
Os promotores acrescentam que "valendo-se de sua rede político-partidária o denunciado Luiz Inácio Lula da Silva sempre buscou
manobras para evitar que a investigação criminal do Ministério Público
não avançasse", citando o episódio quando o deputado federal Paulo
Teixeira (PT-SP) fez uma representação contra o promotor Cássio
Conserino no Conselho Nacional do Ministério Público, que
acabou por suspender o depoimento que o ex-presidente Lula e sua mulher
Marisa Letícia dariam, em fevereiro, à Justiça em São Paulo, e o pronunciamento
de Lula feito, na sede do PT em São Paulo, após ter sido conduzido
coercitivamente para depor à Polícia Federal, no âmbito da 24ª fase da
Operação Lava Jato.
Na tarde de hoje (10/03), os
promotores detalharam a denúncia relativa à investigação sobre o
apartamento triplex, em Guarujá (SP), que seria destinado, segundo o
MP-SP, pela construtora OAS a Lula e a família dele. Durante a
entrevista à imprensa, Conserino recusou-se a falar se teria sido
solicitado a prisão do ex-presidente. “Só vamos falar sobre os fatos”,
disse o promotor.
Segundo Conserino, aproximadamente duas
dezenas de pessoas relataram que o imóvel no Condomínio Solaris era
destinado ao ex-presidente Lula. “Dentre essas pessoas figuravam
funcionários do prédio, o zelador do prédio, a porteira do prédio,
moradores do prédio, funcionário da OAS, ex-funcionário da OAS, o
proprietário da empresa que fez a reforma naquele imóvel nos relatos que
fez uma reunião para apresentar parte da reforma efetuada, com a
presença da ex-primeira dama e de seu filho, além do senhor Léo
Pinheiro”, disse o promotor Cassio Conserino.
Instituto Lula
Em nota, o Instituto Lula voltou a negar que o ex-presidente seja dono
do apartamento triplex, alvo das investigações, e diz que o procurador
Cássio Conserino usa a investigação para fins políticos. “Cássio
Conserino, que não é o promotor natural deste caso, possui documentos
que provam que o ex-presidente Lula não é proprietário nem de triplex no
Guarujá nem de sítio em Atibaia, e tampouco cometeu qualquer
ilegalidade. Mesmo assim, solicita medida cautelar contra o
ex-presidente em mais uma triste tentativa de usar seu cargo para fins
políticos".
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