domingo, novembro 30, 2014

Tributo a Bolaños tem ares de clássico de futebol e dramalhão mexicano

Corpo de Roberto Bolaños/Foto:
Xinhua/Pedro Mera
 Uma multidão vermelha já lotava as imediações do monumental Estádio Azteca, na cidade do México, na manhã desde domingo (30/11). A despedida a Roberto Gómez Bolaños, o Chaves, morto na sexta-feira aos 85 anos, foi uma festa bem à mexicana, com coro de gritos de torcida e aplausos. Para um dos ícones máximos do país e da América Latina, o estádio do América trocou o tradicional amarelo das Águilas, símbolo do time local, pela cor de seu atrapalhado herói, Chapolim.
  Se os mexicanos são conhecidos por fazer piada com a morte, o tributo a Bolaños começou alegre, com ares de prévia de clássico de futebol. "Arriba, abajo, arri-ba-ba. Bolaños, Chespirito, rá-rá-rá!" Era entoado com força dentro do estádio.
Do lado de fora, camisetas vermelhas, balões, tiaras e martelos infláveis eram pechinchados por quem chegava. As vendedoras Wendi e Paola, de 13 anos, ofereciam tiaras e flores brancas por 10 pesos (algo como R$ 2,00). "Estou trabalhando, mas também estou triste", dizia Wendi. Tenho que vender, mas queria era entrar e ver lá dentro. Eu sou fã do Chaves."
  Liliana Cachero trazia um grande boneco do Chaves - feito por ela, ela destaca - e tinha os olhos chorosos ao lado da filha, Daina. "Viemos agradecer por toda a alegria que ele nos proporcionou. Ele transcendeu gerações, fazia um humor para todos, foi único", dizia. "Jamais vai haver outro como ele." Daina, sua filha, trabalha com eventos e diz que, dentre os temas de sua empresa, que incluem as princesas da Disney e personagens de Toy Story, Chaves e sua turma eram os mais pedidos.
 Vestido de Quico dos pés a cabeça, Tomás Carrera, de 50 anos, hesitou em dar entrevista para não sair do personagem. Comerciante, se veste como o menino rico da Vila do Chaves há 15 anos. Questionado, então, se a briga dele e de Bolaños se encerrava, brincou: "Chaves é meu melhor amigo. Eu quis ir para outras vizinhanças e ele achou ruim", disse, imitando o choro do Quico no ombro da repórter. "Mas está tudo bem entre a gente."
Na vida real, Carlos Villagrán e Bolaños brigaram pelos direitos do personagem, mas o ator esteve na missa privada realizada na sede da Televisa para amigos do comediante, no sábado à noite.
  Às 13:20, a chegada de Florinda Meza, viúva do comediante, deu início a cerimônia. Fortemente aplaudida, ela chegou vestida de negro ao lado dos seis filhos. Ao centro, uma estrutura metálica foi erguida e decorada com flores e fotos grandes de um Bolaños jovem e em preto e branco.
 Um carro aberto vermelho levou o caixão de madeira ao estádio. Fechado, protegido por uma caixa de vidro, foi levado por todo o contorno interno do estádio, como uma volta olímpica, aos gritos de "Chavo, Chavo, rá-rá-rá" e finalmente disposto no centro.
  Uma voz no alto-falante pediu um forte aplauso a Chespirito, e o estádio respondeu com emoção. Crianças depositaram suas flores brancas no gramado enquanto uma música infantil triste foi reproduzida repetidamente.

Com Bol

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