O Ministério Público de Pernambuco (MP-PE) toma
providências para investigar possíveis práticas de improbidade
administrativa por parte do prefeito de Camaragibe, Demóstenes Meira
(PTB). Em áudios atribuídos ao prefeito, ele convoca servidores
comissionados do município, por meio de WhatsApp, a participarem de um
bloco de Carnaval que teve a sua noiva, a cantora Taty Dantas, como uma
das atrações. Ela é secretária municipal da Ação Social.
Nos áudios, Demóstenes Meira afirma que o evento seria
gravado e que ele verificaria a presença dos funcionários, ficando,
subliminarmente, uma ameaça de exoneração dos ocupantes de cargos de
livre nomeação que não comparecessem ao ato, segundo nota da OAB de
Pernambuco.
"Eu quero convidar todos os cargos comissionados agora,
meio-dia, de frente ao trio onde vai cantar minha noiva, Taty Dantas,
para que a gente possa participar do evento e dar força. (...) A gente
vai filmar e eu vou contar quantos cargos comissionados foram até o
evento. Eu sei que tem gente que não gosta de Carnaval. Eu também não
vivo Carnaval. Mas minha noiva vai cantar, minha futura esposa, Taty
Dantas, e eu quero a presença de todos os cargos comissionados. Vai lá
pra dar presença, depois que ela cantar as músicas dela, tá todo mundo
liberado", diz em trecho do áudio.
O bloco Canário Elétrico, que contou com a participação
da noiva do prefeito, é organizado pelo secretário de Educação de
Camaragibe, Denivaldo Freire. A contratação de Taty Dantas, segundo
informação do próprio secretário, foi feita a partir de um pedido do
prefeito Demóstenes Meira.
Ele também diz no áudio que 'chamou' guardas municipais para fazer um pente-fino e evitar confusão por parte do público.
À imprensa, o gestor reconheceu o teor dos áudios, mas
alegou que não se tratava de uma convocação, mas de um convite para
fortalecer uma ação de gestão. Além do pedido de investigação pela
convocação dos servidores, o presidente da OAB-PE vai pedir investigação
para saber se houve uso dinheiro público para custear a apresentação da
noiva do prefeito.
Organizadores do bloco, em entrevista à imprensa,
negaram ter recebido recursos do município, apenas apoio logístico. Em
matéria veiculada no telejornal Bom Dia Pernambuco, o prefeito aparece
abrindo o Carnaval da cidade e apresentando a noiva como uma das
apresentações do dia.
“Em tese, pode caracterizar desde improbidade
administrativa por um assédio moral, porque tem uma ameaça de exoneração
para quem não comparecer. Claro que precisa-se assegurar ao prefeito o
direito ao contraditório e ampla defesa. Mas é necessária uma
investigação aprofundada do caso. Nós vamos pedir isso ao Ministério
Público e acompanhar o desenrolar do caso”, informa Bruno Baptista,
presidente da OAB-PE.
Por O Dia
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