A maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) votou pela abertura de ação penal contra o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e a ex-deputada federal e atual prefeita de Rio Bonito (RJ), Solange Almeida. Seguindo o voto do relator, ministro Teori Zavascki, os demais minsitros entenderam que há indícios de que Cunha recebeu US$ 5 milhões de propina por um contrato de navios-sondas da Petrobras.
Até o momento, seis dos 11 ministros da Corte aceitaram a denúncia contra Cunha e Solange. Os
ministros Edson Fachin, Luís Roberto Barroso, Marco Aurélio, Cármen
Lúcia e Rosa Weber acompanharam voto do relator, ministro Teori
Zavascki.
A sessão do STF foi suspensa e será retomada
amanhã (2), com os votos dos demais ministros que compõem a Corte.
Faltam os votos de Dias Toffoli, Gilmar Mendes, Celso de Mello e Ricardo
Lewandowski.
Se o resultado for mantido, Cunha e Solange passarão à condição de réus no processo.
O relator votou pelo recebimento parcial da denúncia apresentada pela
Procuradoria-Geral da República, por entender que há indícios de que o
presidente da Câmara pressionou um dos delatores da Lava Jato para
receber propina. “A análise dos autos mostra que há indícios robustos
para receber parcialmente a denúncia, cuja narrativa dá conta de que o
deputado federal Eduardo Cunha, procurado por Fernando Soares, aderiu ao
recebimento, para si e concorrendo para o recebimento por parte de
Fernando Soares, de vantagem indevida, oriunda da propina destinada a
diretor de empresa estatal de economia mista, em função do cargo, por
negócio ilícito com ela celebrado”, disse Zavascki.
Segundo denúncia apresentada pelo procurador-geral da República,
Rodrigo Janot, Cunha recebeu US$ 5 milhões para viabilizar a contratação
de dois navios-sonda do estaleiro Samsung Heavy Industries, em 2006 e
2007. O negócio teria sido feito sem licitação e com a intermediação do
empresário Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, e o
ex-diretor da Área Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró. O caso
foi descoberto a partir do acordo de delação premiada firmado por Júlio
Camargo, ex-consultor da empresa Toyo Setal e um dos delatores do
esquema de desvios na Petrobrás. Ele também teria participado do negócio
e recebido US$ 40,3 milhões da Samsung Heavy Industries para efetivar a
contratação.
PGR
Para o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que apresentou denúncia contra Cunha, “tudo
ia bem na propinolândia” até que o contrato para contratação das sondas
foi suspenso por um problema jurídico. Para o procurador, a partir daí,
Fernando Soares passou atuar em nome de Cunha para pressionar Júlio
Camargo para que o pagamento de propina fosse retomado.
Defesa
Em
sustentação oral durante o julgamento no STF, o advogado Antonio
Fernando Barros, defensor de Cunha, disse que a denúncia apresentada
pelo Ministério Público Federal contra o deputado “não reúne condições para ser admitida”. Antonio
Fernando Barros disse que, em depoimento, Fernando Soares afirmou que
não conhecia o presidente da Câmara no período em que os contratos foram
assinados e que não foi seu sócio.
Com Agenciabrasil
Com Agenciabrasil
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