O
vice-governador Rômulo Gouveia (PSD) anunciou oficialmente, no início
da tarde desta sexta-feira (27/06), na sede da Associação Paraibana de
Imprensa (API), em João Pessoa, o rompimento político com o Governador Ricardo Coutinho (PSB).
Com essa decisão, Rômulo passa apoiar a pré-candidatura do senador
Cássio Cunha Lima (PSDB) ao governo do Estado. Antes mesmo dele conceder entrevista coletiva,
uma carta foi lida e nela costa explicações do seu desligamento do grupo. Leia ela na integra abaixo:
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Rômulo durante entrevista coletiva |
Carta aos paraibanos
A Paraíba acompanhou, em todos os
passos e detalhes, o acordo partidário do PSB e do governador Ricardo Coutinho,
que garantiu ao PSD a vaga de candidato ao Senado em sua chapa para a eleição de outubro. A reivindicação
de um espaço majoritário na chapa governista era decisão partidária, mais que
projeto pessoal, com vistas a garantir ao PSD presença expressiva no Congresso
Nacional.
O acordo foi reiterado seguidas
vezes, e de público, por instâncias partidárias e pelo próprio governador, que
mais de uma vez repetiu para diferentes auditórios a garantia de nossa candidatura ao Senado.
Nos meios de comunicação, em sucessivas oportunidades, o governador nos tratou
como “nosso senador”, assegurando, ainda mais, que o PSD escolheria o posto a
ocupar na chapa majoritária. Nenhum acordo, nenhuma negociação se faria senm
nosso conhecimento e aprovação.
Nas últimas semanas, no entanto, o
acordo partidário vem sendo sistematicamente descumprido pelo governador e pelo
partido dele. O que apenas se conhecia pela imprensa se concretizou, com um
surpreendente loteamento dos cargos majoritários, alguns já assumidos, outros
sabidamente já negociados.
O PSD em momento algum foi consultado sobre tais articulações. Em momento algum, abrimos mão de
nossa candidatura ao Senado, até porque se tratava de um projeto partidário e
não de um capricho pessoal. Jamais renunciamos. O que houve, na verdade, foi um
brutal alijamento e exclusão do processo de composições partidárias, com o
descumprimento inexplicável de acordos privados, de compromissos públicos, de
palavra empenhada e de parcerias estabelecidas. Ontem nos enganaram. Hoje nos
mentem. Sempre nos desrespeitaram.
O PSD não foi alijado apenas das
articulações políticas, mas também de todos os atos de Governo, talvez porque o
próprio governador já soubesse, de antemão, de nossa posição absolutamente
contrária a algumas medidas das últimas semanas.
Como concordar com as centenas de
nomeações de agentes políticos, com o objetivo mal disfarçado de conquistar os
apoios eleitorais finalmente contabilizados? O Governo fez em poucas semanas o
que se recusara a fazer nos primeiros anos de Administração. Tudo o que não
cedeu em três anos, ele concedeu em poucas semanas. Talvez por isso os apoios
que não obtivera em três anos se multiplicaram em poucos dias.
Tenho a consciência absolutamente
tranquila da lealdade com que sempre me portei como vice-governador do Estado,
inclusive assumindo o ônus político de medidas sobre as quais jamais fora
ouvido. Trabalhei e colaborei em silêncio, sem jamais disputar holofotes muito
menos o protagonismo das ações de governo, que, no entanto, são de uma equipe
inteira, mais que de uma única pessoa. Não me arrependo. Ao contrário,
envaidece-me o trabalho da equipe de governo que integrei. Orgulho-me da
lealdade que é um valor de minha historia e marca de minha vida.
Apoiar, a essa altura, a reeleição do
governador é avalizar o desrespeito, a quebra de palavra e compromissos e
compactuar com práticas administrativas que o próprio governador e eu
condenamos durante os primeiros três anos de administração. O PSD não acredita
em ética de circunstância nem em moralidade de conveniência.
O PSD muda de trincheira para não
mudar de valores e princípios. O PSD apoiará, na plenitude de suas forças e na
inteireza de seus esforços, a candidatura de Cássio Cunha Lima, de quem em
algum momento nos distanciamos por um projeto partidário, e de quem nos
reaproximamos por uma decisão pessoal, de respeito a princípios e valores que
são irrenunciáveis. Mesmo quando temporariamente distanciados, jamais nos
desrespeitamos, nem em público, nem em privado. Os valores que nos uniram uma
vida inteira consolidarão uma aliança que transcenderá dimensões puramente
partidárias.
Com todas as adversidades, mesmo com
o noticiário insistente sobre nossas exclusão da chapa majoritária, nosso nome
cresceu consistentemente, em todas as regiões do Estado, como prova de que os
paraibanos julgavam, em nosso pleito, a história de uma vida de quem já foi
vereador, deputado estadual, deputado federal e vice-governador,sendo
presidente do Poder Legislativo e que agora era indicado para ser senador.
Agradeço a cada um dos que defenderam nossa causa, em todos os pontos de nossa
Paraíba. Agradeço, muito particularmente, a minha querida Campina Grande, que
não nos faltou com seu apoio e confiança.
O projeto partidário do PSD, de
disputar espaço majoritário, fica temporariamente adiado. Submeto, agora, meu
nome e minha história, propostas e bandeiras à Paraíba, na disputa de uma
cadeira de deputado federal. A Paraíba julgará minha decisão e minhas
aspirações, em instância última e irrecorrível.
Combati o bom combate, terminei a
minha carreira, guardei a fé. II TM4:7
João Pessoa, 27 de Junho de 2.014